Mensagem de Monteiro Lobato

Nada de imitar seja lá quem for. (...) Temos de ser nós mesmos (...) Ser núcleo de cometa, não cauda. Puxar fila, não seguir.

domingo, 29 de janeiro de 2012

CAPÍTULO DEZ

    -Você...   É... É... O... Menino do sonho!
    Não foi preciso dizer mais nenhuma palavra. Era como se num conto de fadas, o destino estivesse determinado. O destino sempre se cumpre. Os dois estavam em êxtase. Os olhos de Eduardo brilhavam, seu corpo tremia; seus braços não paravam quietos. Os lábios dos garotos estavam ocupados de mais para trocarem palavras. Não era apenas fogo e volúpia, era amor, paixão, sentimentos guardados por anos, reciprocamente. Os movimentos ficaram mais intensos. Marcos tirou sua camiseta. Era algo fantasioso, tinham total liberdade, pois não acreditavam ser realidade. Por horas se amaram, acariciaram-se.
   
- Isso é realidade? – Perguntou Eduardo num sussurro.
    - Não sei.
    - Eu não posso descrever tudo o que senti por ti nesses tempos. Eu te amo...
    - Eu posso – Marcos estava quase sem forças para falar.
    E caíram na gargalhada De repente suas forças regeneraram-se. Marcos saiu da cama, começou à correr em direção à suíte, e olhou para Eduardo.
    Um barulho oco de algo caindo no chão.
    - O que você está fazendo, maluco? – Eduardo rapidamente levantou da cama para ver o que era.
    O banheiro era maior que o quarto de Marcos. Cerâmica reluzente, a torneira da pia; ouro. O chuveiro; ouro. O sentimento entre eles; diamante. Marcos tinha derrubado um xampu no chão. Agora já tinha ligado o chuveiro e estava molhando seus cabelos. Ensaboava-se. Eduardo entrou no jogo, e recebeu uma rajada de espuma ao entrar no Box. Em meio à gargalhadas, brincaram feito crianças no chuveiro, os lábios se atraiam inevitavelmente de tempos em tempos. Como se um fosse o Sol, e o outro, uma maçã sendo puxada pela gravidade. Magnetismo. Misticismo. Irreal. Não... Real.
    O chuveiro continuou ligado, mas o sentimento donairoso não.Marcos fugiu, e fingiu procurar sua escova de dentes. Eduardo o abraçou. Caíram. Derrubaram um rolo de papel higiênico. Ao chão, o papel começou a encharcar-se centímetro por centímetro.
    - De onde veio isso? Haha! – Marcos levantou-se e buscou mais rolos. Molhou-os todos. Ao todo cinco. E jogou em Eduardo.
    -Você é maluco? – Perguntou Eduardo, tirando aquele papel molhado sobre ele.
    - Sim. Por você!
    - Idiota!
    E começaram a rir histericamente, sem se preocuparem com barulho, em nunca terem realmente trocado palavras. Era como se tivessem vivido uma vida inteira juntos. Como se tivesse morado juntos; cozinhado juntos; estudado juntos.
    - Olha a nojeira que estamos fazendo! – Quando Eduardo viu o banheiro no estado que estava, foi como se uma manada de elefantes tivesse invadido, com a companhia de macacos e destruído tudo.

    -Mas juntos! – Seus olhos brilhavam. Não importava-se com valor de dinheiro. O que as pessoas da casa pensariam, amanha, nem sequer passou por sua cabeça.
   
    - Eu tenho uma coisa pra te contar.
    - O que? – Marcos estava curioso.
    - Além de ter guardado esse sentimento por ti, por tanto tempo... Alguns anos atrás, eu estava fazendo estágio de enfermaria num hospital. E te vi esfaqueado numa maca, esperando alguém te atender. Fui eu quem consegui um quarto para você. Eu me sentia responsável por ti, se negligenciasse, refutaria a mim mesmo. Sentia como se eu tivesse sido esfaqueado também. E com a fama de meu pai, consegui que te salvassem... Não, não que eu esteja te cobrando, longe disso! Sério! Só pensei que você tivesse ficado curioso com o anonimato de alguém que você só poderia imaginar.
    Marcos pulou no colo de Eduardo, o abraçou, o beijou. – Obrigado! – Gritava. – Prometo salvar sua vida um dia. – Juntou todo o ar que seu pulmão poderia juntar, e gritou, com o maior grunhido que seu corpo suportaria – Eu te amo!!!
    Sua voz provocou uma imensa ressonância no quarto. Vazou pela porta, e, desviou um obstáculo que se movia nos corredores que deveria estar na cama. Um homem. Grisalho, imponente, trajado com um roupão azul-cetim, caminhando a passos largos em direção ao quarto do filho. Foi acordado por imensos barulhos de objetos caindo, risos, e um: eu te amo, que saiu do quarto em que queria chegar, fez seus passos se alargarem, a caminhar rapidamente. O corredor é imenso. O tapete chinês sob seus pés parece não ter fim. Começa a correr.
Estava fazendo muito barulho, jogando coisas, brincando de viver, de serem felizes. Rindo como quando se faz cócegas em uma criança. Era quase possível ver a aura de energia sobre suas cabeças. De repente; a posta do quarto se abriu. Marcos e Eduardo olharam para ver quem era; assustados.

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