Mensagem de Monteiro Lobato

Nada de imitar seja lá quem for. (...) Temos de ser nós mesmos (...) Ser núcleo de cometa, não cauda. Puxar fila, não seguir.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

CAPÍTULO CINCO

  
Naquele quarto de hospital estava totalmente surpreso. Mas as noticias eram boas. Pode descansar a cabeça por algum tempo das preocupações.    Marcos só conseguia pensar em uma pessoa que lhe salvasse sua vida. Seu pai. Teria motivos para não se identificar... Mas não compreendia. Como o pai saberia que ele estava sendo encaminhado para um hospital?
    Não havia muito que fazer, se não esperar e se recuperar. A enfermeira não retornou nesse dia, e o tempo se arrastou lentamente, um dia pareceram cem anos. Ao menos, pelo sistema publico teria alguém com quem conversar... A tinta descascada da parede e o lençol verde claro de sua cama, eram as únicas companheiras. No silencio modorrento, adormeceu novamente. Só podiam estar lhe dando tranqüilizantes, estava constantemente cansado e com sono.
    O antes, o agora e o depois eram três vidas distintas, tão diferentes que pareciam inexoravelmente sem sentido, pertencentes cada qual a uma pessoa. O que queria agora era alguém que não tivesse que desconfiar, alguém com quem pudesse abrir sua vida sem sentir medo ou vergonha, e um colo para que lhe fizessem carinho, por três mil horas ou mais, até quando quisesse. Esse é todo o tempo que alguém precisa para qualquer coisa... o tempo que desejar... Parece um tempo interminável, ou uma fração de segundo... O domina. O domina é a sensação de querer.
    -bom dia amigo! – Ela estava hoje com os cabelos em um rabo de cavalo, seus cabelos pretos estavam todos encaixados, nenhum fio fora do lugar ou arrepiado. A tez branco-pálida lhe parecia muito macia e hidratada, mas seus olhos a entregaram. Olheiras. – como passou?
    - Bem, me diverti muito... Dormindo – risos.
    - Isso me faria muito bem agora – Começou seu serviço com o garoto, trocando esparadrapo aqui, seringas ali...
    - Eu notei seus olhos. Eles te entregaram. Passou a noite em claro não foi? O vermelho te diz que chorou por alguém.
    - huuum. É esse seu palpite?
    - É essa a minha certeza – e numa piscadela do olho esquerdo um grito abafado escapou – Ai!
    - Desculpe, desculpe. Me desconcentrei com a agulha. Desculpe.
    - Só te perdoaria se me contasse o motivo da sua agonia....
    - Está jogando comigo é? Está me manipulando garoto...
    - Eu já perdi a noção da hora, já joguei tudo fora. Se me deixar pior, talvez seja a hora de ir embora.
    - Embora para onde?
    - Em um lugar onde o sofrimento é acalmado, e minha tristeza aniquilada.
    - Se eu lhe contar, vai existir alguma animação nesse corpo quando eu lhe visitar amanha?
    - Só saberá se o fizerdes.
    - Há anos que ninguém usa esse palavreado sabia?
    - Pois...
    - Está bem... – E continuou seu serviço num silencio absurdo.
    -comece! HAHA
    -É, você não ia desistir. – e riu. Quando parou, ficou alguns segundos calada, e sua expressão começou a mudar.

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