Mensagem de Monteiro Lobato

Nada de imitar seja lá quem for. (...) Temos de ser nós mesmos (...) Ser núcleo de cometa, não cauda. Puxar fila, não seguir.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

As Veias Abertas Da América Latina

Galerinha! Estou lendo um livro fantástico e ao mesmo tempo chocante:



É impressionante como deixamos de perceber detalhes de nossos antepassados, daqui mesmo, da América Latina. Eu estou na metade do livro e já estou querendo sair socando várias pessoas, mas já estão mortas HAHA. Estou catando algumas coisas dos parágrafos que dei maior importância, fatos que me chocaram, comentários e links para que vocês possam conferir, e se curtirem, ler o livro. O nome é: As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeno.
“... Temos guardado um silêncio bastante parecido com a estupidez...”. 
É importante conhecermos o que os livros de história nos contam sobre o Brasil e a América Latina, mas, o que os livros educacionais nos contam, são sempre relatos dos grandes, dos líderes, algo importante que este livro nos fornece é não só o que os líderes fizeram, mas o que os pobres, os índios e outros sofreram o mar de sangue que foi deixado nas nossas matas com a vinda de Portugal pra cá. Só para se ter uma breve noção, antes da chegada dos colonizadores o número de índios era de 10 milhões (existe controvérsias neste número, que varia de 1~10 milhões devido a precariedade de dados históricos de 1500), e hoje não chegam a 400 mil! A tabela que segue eu busquei no site do IBGE:
Distribuição da população indígena no Brasil
Número de
índios
Número de
etnias
Línguas
faladas
Percentual em relação à 
população brasileira
358.000
215
180
0,2%

Fonte: Funai, 2005.                                     


O livro tem 300 páginas, rapidinho para ler, mas é de fenomenal importância, cheio de referências a tudo o que cita. Imprescindível a quem quer descobrir um pouco mais da nossa história, menos afastada do “burguesismo”.      A nossa história é triste, existe um passado pior do que a revoltosa ditadura brasileira, nossa época colonial foi extremamente chocante.
                                                            
“A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra o que foi, anuncia o que será.”

            Primeiro quero destacar a importância de, se não um erro básico, um termo inadequado que muitos ainda proferem. Cabral apenas chegou ao Brasil, ele já estava “descoberto”. Por falar em “descobrimento”; Colombo, que chegou a América embarcado em seu navio, morreu, depois de suas viagens, ainda convencido de que tinha chegado á Ásia pela rota oeste. Colombo dizimou os índios na sua chegada com um punhado de cavaleiros, duzentos infantes e alguns cães adestrados para o ataque. Chegaram sem pedir licença, trataram a cultura indígena como um lixo, e impôs a religião católica goela abaixo. Antes de cada entrada militar, os capitães de conquista devia ler para os índios, um extenso retórico: “Se não o fizerdes, ou nisto puserdes maliciosamente dilação, certifico-vos que com a ajuda de Deus eu entrarei poderosamente contra vós e vos farei guerra por todas as partes e maneira que puder, e vos sujeitarei ao jugo e obediência da Igreja e de Sua Majestade e tomarei vossas mulheres e filhos e vos farei escravos, e como tais vos venderei, e vos disporei de vós como Sua Majestade mandar, e tomarei vossos bens e vos farei todos os males e danos que puder...”
            Uma única bolsa de pimenta valia mais do que a vida de um homem. Muitos indígenas, por passatempo, mataram-se com veneno para não trabalhar, e outros se enforcaram com as suas próprias mãos.

            A esplendorosa Potosí foi, provavelmente a cidade mais rica do mundo, e hoje, uma das mais pobres. O ciclo da prata a colocou no auge mas também a derrubou. O mesmo aconteceu com Ouro Preto, a “Posotí do Ouro”, que teve seu auge do ouro, que foi basicamente a fonte de renda, e depois “não sabiam o que fazer com tanto dinheiro e só construíram igrejas e mais igrejas, até a falência da cidade”. Como não se lembrar do Aleijadinho? “Que desfigurado e mutilado de lepra, realizou sua obra-prima e amarrando o cinzel e o martelo em suas mãos sem dedos e arrastando-se de joelhos, cada madrugada, rumo a sua oficina”.

            “Os escravos se chamavam de “peças da índia” quando eram medidos, pesados e embarcados em Luanda; os que sobreviviam à travessia do oceano se convertiam, já no Brasil, em “mãos e pés”, do amo branco.


            Eu encontrei uma música do Zé Ramalho “A Peleja de Zé Limeira No Final do Segundo Milênio"que tem tudo haver com nosso passado e presente, admirável!


            Para se ter uma dimensão, o Papa decidiu que os indígenas eram humanos, houve dúvidas quanto a isto. Eles foram escravizados pelos brancos, dormiam literalmente com os cachorros, e alimentavam-se das sobras deles! Naquela época eu até compreendo, não justifica esse passado abominável, mas a pulga na orelha está em hoje, minha preocupação é com a nossa população que não consegue aceitar o indígena, tantos são os crimes contraos índios. Qual o problema na nossa sociedade que julga e taxa, é quase impossível colocar uma pluralidade cultural neste país sem que hajam conflitos! Até advogado é preso por discriminação,exemplo de quem nos defende hoje. 

            Quer saber o que eu acho sobre os índios? Que temos MUITO  a aprender com eles! Li um livro que com o qual aprendi muito sobre a cultura indígena. Se for lê-lo, leia com a mente aberta, caso contrário, nem tente. Cláudio Villas Boas cita algo que completa tudo o que eu tenho a dizer “Se achamos que o nosso objetivo aqui, em nossa rápida passagem pela terra, é acumular riquezas, então não temos nada a aprender com os índios. Mas se acreditamos que o ideal é o equilíbrio do homem dentro de sua própria família e dentro de sua comunidade, então os índios têm lições extraordinárias para nos dar”
P.S.:Estou na metade do livro, quando o terminar comento algo a mais, mas espero que tenham se motivado para lê-lo. Deixe o seu comentário sobre o que está achando do blog! 


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